Raphaela Queiroz

Jornalista Digital. Mestre em Letras. É Diretora Criativa da #Damô e coolhunter em formação. Está em constante aprendizado.  Nostálgica, falante e curiosa. Com a Damorida, pretende informar e entreter. Divertir e incentivar a todxs!

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Amamentação, puerpério, pós-parto, maternidade

Precisamos falar sobre o puerpério

A chegada de uma criança ao mundo é motivo de muita alegria. Passada a euforia, entra em choque a rotina de cuidados de um recém-nascido. Nenhum jornal, revista, programa de TV e livros preparam você para os inúmeros desafios que os novos pais encontram.

A sociedade não conversa sobre o assunto e parece que as dificuldades do primeiro mês nunca existiram. Começo pela amamentação, que é um processo mega difícil, mas muito glamourizado pela imprensa. Mesmo que você leia sobre, nada te prepara para o que está por vir: Os seios ficam inchados, empedrados, enfim, produzir leite dói. Você e o seu bebê estão se conhecendo. Nessa fase, você não sabe dar o peito, nem ele sabe a “pega correta”. Até entrarmos em sintonia, há um longo caminho, marcado por seios feridos, choros, estresse, culpa, dor e medo.

 

Há também muitos palpites infundados e comentários desnecessários. Se você quer muito amamentar, poucas pessoas dizem: “Tenha paciência. Você vai conseguir!”. O que eu mais ouvi foram frases de pena: “Ah.. ele vai ter que tomar mamadeira! Não tem jeito!”. E, eu, em meio à fragilidade emocional, pensava: “Poxa.. eu quero amamentar. Dá pra torcer para que o meu desejo se realize?”.

Foi preciso várias idas ao Banco de Leite na Maternidade e, pela dificuldade que o meu bebê teve em aceitar o peito, contratei a fonoaudióloga Ester, que foi fundamental para o meu processo de aleitamento. Cada vitória, mesmo que pequena, foi intensamente comemorada.

Nos primeiros dias com o neném em casa, você vê os dias passando sem se dar conta. Você nem sabe em que dia da semana está. Eu perdia o pudor e andava com os seios de fora pela casa. Eram dias tão exaustivos, que muitas vezes, eu dormia sem lembrar o que aconteceu antes de deitar. Acordava perdida e desesperada. Só relaxava quando confirmava que o bebê estava respirando. De início, ele parecia tão frágil que eu não tinha segurança de segurá-lo. O apoio do meu marido foi fundamental desde sempre. Quando eu me sentia mal e com vergonha por não conseguir amamentar sozinha, eu sempre pedia ajuda dele, seja para segurar os meus seios e enfiar na boca do menino ou ajustar a cabeça do neném para o aleitamento, ele me dava palavras de conforto ou mesmo um olhar de encorajamento. Ter alguém com quem contar nestes momentos é maravilhoso e muito importante para a mulher.

 

 

Não só para receber apoio na rotina com o recém-nascido, mas para lidar com as mudanças psicológicas e físicas que a mulher atravessa. Parece clichê e meio óbvio, mas você nunca será mais a mesma. No primeiro dia que saí de casa, só pensava que não podia mais sair despreocupada e sem ter hora pra voltar. Agora tem alguém que depende de mim. O corpo fica inchado, dolorido e você se pergunta se ele vai voltar um dia. Além disso, você lida com o julgamento e as opiniões insensatas de algumas pessoas, que se preocupam mais com o uso da cinta, do que com o meu bem-estar e do neném.

O bom é que passado o sufoco dos primeiros 30 dias, começam os sorrisos pela manhã, a troca, o olhar com o bebê. Chegou o momento esperado, aquele em que vocês passam a se conhecer. O amor pelo marido triplica com a interação dessa nova família. Então, felizmente, você percebe que tudo tem seu tempo. É ser paciente, porque amar exige doação incondicional. A cada dia que passa, a sensação é que meu amor por esse guri cresce a cada dia. E vejo que com ele acontece a mesma coisa, à medida que ele me reconhece pelo cheiro, quando me procura com os olhos e quando troca sorrisos comigo. Quando eu digo que o amo, ele abre aquele sorrisão como se respondesse: “Eu sei”. E que bom que ele sabe, porque é a mais pura verdade.

 

 

Foto de abertura: Photo by Jordan Whitt on Unsplash

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