Raphaela Queiroz

Jornalista Digital. Mestre em Letras. É Diretora Criativa da #Damô e coolhunter em formação. Está em constante aprendizado.  Nostálgica, falante e curiosa. Com a Damorida, pretende informar e entreter. Divertir e incentivar a todxs!

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Ni Hao, China!

No final do ano passado, eu fiz um curso intensivo sobre a Cultura Chinesa, ministrado pela professora Ana Qiao. A capacitação foi fruto de uma parceria entre a Hebei Normal University e o Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras. Resolvi compartilhar com vocês um pouco do que aprendi sobre este País, que tem uma história milenar riquíssima, tanto que o conteúdo repassado foi introdutório. A verdade é que precisaria de muitos anos de estudo para absorver um pouco de séculos de história.

A caligrafia chinesa é outro traço importante da cultura do País.

O título deste post é a saudação típica de lá. Embarquem comigo sobre esse pedação da Ásia. Espero que gostem tanto quanto eu.

Para nós, Ocidentais, quando se trata da China, fala-se muito sobre a relação comercial. Mas, pouquíssimo sobre a cultura e os costumes do povo Chinês. Nosso conhecimento é ínfimo, raso. Portanto, o curso foi fundamental para mergulhar um pouco na riqueza milenar e histórica do País.

A  Grande Muralha da China. Crédito: Robert Nyman/Unsplash.

Durante as aulas, aprendemos que a China é superlativa. Não só em termos geográficos e econômicos. É cheia de detalhes, com sua vasta gastronomia típica distribuída em cada região e pelos vários Festivais, que celebram as tradições de seu povo, dentre tantos, destaca-se o Ano Novo Chinês, realizada no final de Janeiro e início de Fevereiro, a Festa do Barco-Dragão e o Festival das Lanternas.

Crédito: Sam Erwin/Unsplash.

Essas celebrações são realizadas conforme o Calendário Lunar. É nestes momentos, que se nota a importância das cores para os chineses. Vermelho predomina como aquela que norteia não só a bandeira do País, como também as roupas típicas.

Outro símbolo marcado nestas ocasiões é o Dragão, que representa coragem, vigor e grandiosidade. A importância deste animal mitológico na cultura chinesa reverbera nas classes sociais, em que ser “descendente do Dragão” distingue os membros da Casa Imperial dos cidadãos comuns.

O Dragão e as cores, em especial o Vermelho e o Amarelo, estão presentes na arquitetura, nas roupas típicas, na decoração e nas Artes. Além desses signos, destaca-se a representatividade dos elementos da Natureza na Cultura chinesa. Terra, fogo, água, ar são fontes de sabedoria para aquele povo. Eles estão no Horóscopo, com seus 12 animais, entre eles, o Dragão, único Ser fantástico incluído na Astrologia do País; estão no formato retangular das casas históricas, e, na gastronomia, pois é da Natureza que brota os alimentos que chegam à mesa.

Oliver Needham/ Unsplash

 

A Natureza está também na polaridade energética, do Yin e Yan, presente no Taoísmo, uma das filosofias milenares chinesas. Esse modo de ver a vida demonstra que os indivíduos devem estar em harmonia com a Natureza, por serem indissociáveis dela.  A dualidade do Yin/Yan estão nas forças complementares, como no Masculino e Feminino, no Céu e na Terra, no Fogo e na Água, no Claro e Escuro, na Noite e Dia, dentre outros.

Saber viver em equilíbrio e respeitar o curso da vida, com espontaneidade e virtude são princípios do Taoísmo. As obras Zhuangi e Tao Te Ching consistem em textos fundamentais para compreender essa prática de encontrar o Caminho (Tao) para a existência.

 

Símbolo Yin e Yang

 

Da mesma maneira, vale ressaltar o papel do Confucionismo na cultura chinesa. Essa filosofia, criada por Kong Zi (Confúcio, no Ocidente), direciona os costumes e as tradições dos nativos daquelas terras.

Confúcio nasceu em 551 A.C, oriundo de uma família pobre. Ele sempre gostou de estudar e esteve nas melhores escolas e aprofundou os seus conhecimentos. Tornou-se um sábio, um grande professor, ao promover a educação para as pessoas comuns. Há mais de 2 mil anos, seus ensinamentos estão espalhados pelo mundo.

Os preceitos do Confucionismo são: honestidade, seguir regras, respeito aos mais velhos, moralidade e harmonia.  

Isso é visto na configuração da mesa em refeições de família, em que a posição dos mais idosos é a mais nobre. Um sinal de reverência à experiência dos mais antigos. Do respeito à educação e aos professores. Da pontualidade, caracterizada por ser 15 minutos antes do horário marcado.

 

Representação de Confúcio em uma antiga tumba chinesa / Crédito: Wikimedia Commons via Aventuras na História.

 

Confúcio tornou-se conhecido como o maior professor da China. O seu mentor foi Lao Tzu, que consiste no Pai da Filosofia Chinesa. Confúcio repassou os ensinamentos de seu Mestre, buscando difundi-los por todo o Território. Basicamente, a Doutrina se baseia em cinco constantes: a Bondade, a Justiça, os Costumes, o Ensino e a Integridade.

Observa-se que, para Confúcio, o Homem deve ter apego às raízes, visto que uma vez que elas estejam sedimentadas, surgirão sementes que brotarão no Caminho (Tao). Para ele, os indivíduos precisam ser coerentes em suas ações e palavras.

É preciso que a linguagem e as atitudes estejam em consonância para se alcançar o equilíbrio durante a existência. Para encontrar o Caminho, o Ser Humano deve estar em harmonia com a Natureza e com as suas origens.

Guerreiros de Terracota. Crédito: Denis Pan/ Unsplash.

Todos esses valores são incorporados na educação e na cultura chinesa. Nota-se na disposição dos Guerreiros de Terracota, na disposição das linhas na Arquitetura, na Disciplina dos chineses frente ao Ensino, no respeito aos professores, na seriedade com as práticas esportivas, no Planejamento e na Organização visto durante as Olimpíadas de Beijing, dentre outros.

A forma, com os palácios quadrados e os templos redondos, refletem a espiritualidade vinda do Taoísmo, com o seus contrastes que complementam. Essas filosofias tradicionais chinesas também estão na maneira de administrar, visto que o povo valoriza a sustentabilidade nos projetos governamentais. Neste tópico, assinala-se os preparativos do centenário do Aniversário da República, que já está em andamento, fato que só irá ocorrer em 2049.

Achar o Caminho (Tao) está incutido na prática do Tai Chi Chuan, no qual os movimentos são lentos e feitos em silêncio. É uma meditação, na qual se concentra em si mesmo, nas nossas emoções, sentimentos e na atenção plena. Como o próprio nome suscita, surge do Taoísmo, na busca pelo equilíbrio do Yin e Yan, do controle das nossas energias internas.

No Kung Fu, desde a saudação de reverência, as posições dos animais são incorporadas aos movimentos, além dos elementos usados na Arte Marcial, mostram que os elementos naturais são uma constante em todos os aspectos da Cultura Chinesa.

Além dos esportes, há ainda o Feng Shui, um pensamento místico, no qual a disposição dos elementos da Natureza, como a água, o ar, a terra, a madeira, dentre outros, dentro de uma casa trazem harmonia nos relacionamentos humanos e com o Universo.

 

Mapa de Feng Shui. Crédito: G1

Com isto, percebe-se que a ordem é onipresente nos espaços, nos objetos, na disposição das pessoas na mesa, na hierarquia, na virtude, na busca pelo Tao. Ser uma boa pessoa é estar em equilíbrio constante com a Terra, consigo e com as relações interpessoais. Cuidar do espírito é seguir o Caminho de respeito ao próximo e ao meio ambiente.

Do alimento que dá a vida, nos costumes, na gastronomia, no respeito às tradições, nos Festejos e nas Cores. Ser ético é alcançar o Caminho para o Paraíso. É buscar ser bom com as pessoas. Desejar-lhes o bem, uma boa saúde e felicidade. Na China, tudo o que parece simples, há um grande significado. Por isso, Ni Hao do Brasil para a China.

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